Por
Redação Afya
2.12.2024
•
3 min de leitura
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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de Baku, a COP29, representou um passo a mais no esforço global para integrar saúde e ação climática. Essa relação foi discutida ao longo de todo o evento, que, assim como a edição anterior, teve um dia dedicado a dar visibilidade e destaque ao tema diante das mudanças climáticas.
Um dos principais atos durante o Dia da Saúde foi a assinatura da Carta de Intenções, que estabeleceu a Coalizão de Continuidade das Presidências da COP de Baku para Clima e Saúde.
Liderada pelo Azerbaijão, Brasil, Egito, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a coalizão visa ajudar a garantir o cumprimento dos compromissos assumidos desde a COP de Glasgow e impulsionar os resultados para a saúde. Entre esses compromissos, destacam-se fortalecer a inclusão da saúde na agenda climática; incentivar futuras presidências da COP a priorizar a saúde como parte crucial da Agenda; estabelecer um diálogo contínuo entre iniciativas de saúde e clima existentes e futuras para ajudar a facilitar a sinergia e a complementaridade e desenvolver políticas comuns e abordagens analíticas para o trabalho climático e de saúde; e amplificar as vozes e perspectivas da sociedade civil, organizações filantrópicas, academia e comunidades mais afetadas, em discussões sobre saúde nas COPs, garantindo que todas as opiniões e preocupações sejam ouvidas.
Além disso, a coalizão vai guiar as iniciativas globais de saúde e clima em direção à COP30 e além. "Esta coalizão representa uma vontade coletiva de priorizar o clima e a saúde agora e no futuro. A iniciativa une a liderança de cinco presidências da COP, em um momento crítico para ação, ressaltando o compromisso de elevar a saúde dentro da agenda climática", disse o Dr. Tedros Adhanom, Diretor-geral da OMS".
Segundo Adhanom, a coalizão vai funcionar também como uma plataforma troca de melhores práticas, identificação de prioridades e formação de parcerias entre governos, organizações internacionais, instituições financeiras e filantrópicas.
Para o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, “a saúde humana e a mudança climática estão fundamentalmente ligadas. A Coalizão de Continuidade das Presidências da COP para o Clima e a Saúde é mais um passo em direção à ação sinérgica sobre o clima e a saúde”.
Durante a mesa-redonda, que reuniu ministros da saúde de mais de 50 países e representantes de organizações globais nacionais, os líderes ressaltaram a necessidade de continuidade e sinergia em iniciativas de clima e saúde, com grande ênfase em transformar compromissos e promessas em ação. Entre os pontos destacados, a necessidade do financiamento climático, a adoção e a execução de planos nacionais de adaptação às mudanças climáticas voltados para a saúde e, ainda, o desenvolvimento de estruturas de atendimento resilientes.
Outro ponto enfatizado foi a necessidade de fortalecer a expansão de parcerias em nível de país e o fornecimento de assistência técnica direcionada para implementar iniciativas de saúde climática, com o objetivo de ampliar os esforços para a construção de sistemas de saúde adaptáveis e resilientes.
Principais resultados da COP 29 para a saúde
Financiamento Clima-Saúde: Os Princípios Orientadores para o Financiamento de Soluções Climáticas e de Saúde tiveram um reforço em sua estrutura para envolver e ampliar parcerias. Esforços para melhorar a mobilização de recursos e assistência técnica foram destacados, garantindo maior resiliência em sistemas de saúde.
Cases sucesso da sinergia clima-saúde: Diversos países apresentaram suas histórias de sucesso, exemplificando estratégias integradas de saúde e clima, inspirando uma adoção mais ampla de abordagens eficazes que podem ser dimensionadas globalmente. Entre os casos citados, destacam-se a reconstrução do sistema de atendimento à saúde do Iêmen após as inundações do início de 2024, seguindo uma estratégia de resiliência aos desastres climáticos, e a apresentação dos planos nacionais de adaptação da saúde às mudanças climáticas de países insulares, como a Bahamas, e da África subsaariana, como Uganda e Zaire. Essas iniciativas ilustraram os benefícios mensuráveis de parcerias multilaterais e bilaterais no enfrentamento dos impactos da mudança climática na saúde.
Escalonamento de mecanismos de financiamento inovadores: Parcerias público-privadas e mecanismos de financiamento inovadores para sustentar a resiliência da saúde contra a mudança climática tornam-se opções cada vez mais reais. Os líderes discutiram abordagens para aumentar os investimentos, alavancando recursos públicos e privados para apoiar ações de saúde climática lideradas pelos países.
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